
A programação portuguesa de sábado à noite estava bem cozinhada desde a estreia de “Masterchef”, a 8 de março, na TVI. De um momento para o outro, eis que a SIC decidiu deitar água na fervura. O concurso de Manuel Luís Goucha não perdeu muito sabor no sábado passado, contra a estreia do novo “Sababadadão”, mas Júlia Pinheiro mostrou bem como pode Carnaxide alcançar, em lume brando, a preferência dos telespectadores.

Mas nem por isso deixa de ser um programa preenchido visualmente (e com melhor gosto) pelo décor em tons de azul e cor-de-rosa, uma plateia de dimensões apreciáveis e um palco rodeado de ecrãs em constante pirotecnia. De facto não se exige muito mais para realizar um direto em que grande parte da ação decorre fora de estúdio – com a exibição de rubricas de apanhados já gravadas, diretos “espontâneos”, ligações à estrada numa mota em movimento, enfim, tudo o que for possível, porque a SIC fá-lo possível.
Talvez os espectadores não estivessem à espera de tanto espalhafato. Júlia Pinheiro dispensa apresentações, mas nunca dispensa uma referência aos decibéis das suas cordas vocais. É como um peixe na água no meio de todo aquele circo em que a estrela devia ser João Baião, mas ela não deixa. Baião é igual a si mesmo, divertido, expansivo, profissional na arte do entretenimento leve que “Sabadabadão” produz.
A dupla funciona mas não garante por si mesma o ritmo efusivo da festa. Do alinhamento destaca-se a inovação de ser o público em estúdio o protagonista, súbitos candidatos a várias montras de prémios que tanto oferecem viagens a Marrocos como cem rolos de papel-higiénico (há quem diga bastante úteis tendo em conta a gastronomia de lá). O programa, que por momentos parece um “Preço Certo” em modo elegante, também tem direito a cenas picantes.
Que dizer do momento em que Júlia e Baião pagam mais de mil euros pela roupa de dois concorrentes?
Do rapaz que arrancou gritos de histeria e perplexidade à audiência no momento em que “vendeu” as boxers e o amor-próprio?
Dos instantes em que um casal da plateia é incentivado a beijar-se perante milhares?
“Sabadabadão” consegue a proeza de ser divertido e polémico numa questão de segundos, provando, mais uma vez, que tudo vale para conquistar as audiências (perdão, o amor!).
Do rapaz que arrancou gritos de histeria e perplexidade à audiência no momento em que “vendeu” as boxers e o amor-próprio?
Dos instantes em que um casal da plateia é incentivado a beijar-se perante milhares?
“Sabadabadão” consegue a proeza de ser divertido e polémico numa questão de segundos, provando, mais uma vez, que tudo vale para conquistar as audiências (perdão, o amor!).
As noites de sábado tornaram-se folclóricas, uma espécie de estágio para todos aqueles que, aos domingos, deliram com as feiras de artesanato e gastronomia deste país, recheadas de alheira e música pimba. E nem a atuação do grupo Oquestrada escapou à veia mais teatral e pouco risível dos apresentadores, que acabaram por não acrescentar rigorosamente nada à performance da banda.

Está no ar “Sabadabadão”, o programa cujo nome deve tanto à originalidade como à adaptação de Saturday Night Takeaway, um sucesso da Televisão britânica. A versão da SIC integra ainda como repórter de rua Andreia Rodrigues e uma digressão pelo país de um “super computador” que sorteia cruzeiros em troca de alguma folia na rua.
João Baião regressou e Júlia vestiu-se de homem, mas não vai servir às mesas. Em “Sabadabadão” a ementa é mais agridoce e pelo menos 1 milhão e 41 mil pessoas já provaram.
“Sabadabadão”, para ver na SIC aos sábados às 21h40.
DUPLO CLIQUE [4ª EDIÇÃO]
Uma Crónica de André Rosa