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TOGI - Capítulo 3

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"TOGI"é a nova web-série original, da autoria de Ricardo Reis, que conta a história de Tobias, Otávia, Guilherme, Ivã e Ivo,  seis estudantes de uma universidade lisboeta. Todos eles são bem diferentes, mas têm algo em comum: as suas escolhas irão mudar para sempre as suas vidas.

[AINDA NÃO LESTE O CAPÍTULO 2? CLICA AQUI]

CAPÍTULO 3
OTÁVIA
 
- Estás bem? – Perguntou Otávia quando Guilherme a deixou sozinha com Tobias. – Tens de dar um desconto ao Guilherme, ele pensa que ainda está no secundário a aliviar as suas frustrações com os mais fracos. Mas fizeste-lhe frente caloiro. Isso mostra que és uma pessoa com personalidade forte e é isso que precisamos aqui, alguém que seja capaz de representar a universidade. Estás de parabéns caloiro.

- Tobias! – Contestou.

- Olha que eu pertenço à comissão de praxes! – Otávia tentou fazer uma cara de autoritária mas não conseguiu e começou a rir-se. – Estou a gozar contigo, Tobias!

Esticou a mão ao rapaz e disse-lhe o seu nome e fez uma breve apresentação dela. Começou por dizer que era a mais nova de três irmãos e que descendia de uma família abastada. A sua riqueza advinha de um negócio de família bastante antigo ligado à construção civil. Tobias também contou um bocado sobre si. Falou-lhe da pacata aldeia no interior do país que deixou para prosseguir os estudos em busca de uma vida melhor. Esteve dois anos sem estudar, a trabalhar para conseguir pagar os estudos em Lisboa para onde rumou quando conseguiu a oportunidade. 
  
Os dois até se esqueceram que estavam na casa de banho dos rapazes e só quando um rapaz entrou na casa de banho é que se aperceberam.

- Vou já sair Ivo! – Disse um pouco envergonhada com a situação. 

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Não saiu sem antes reparar no traje do rapaz. As suas tatuagens de caveiras misturadas com borboletas que percorriam todo o braço e o seu cabelo castanho com madeixas rosa chamavam a atenção de qualquer um. Mas o sorriso de Tobias foi a ultima coisa que observou antes de sair da casa de banho.   

Dois dias se passaram desde então. Pouco passava das dez horas da manhã e mais uma aula preparava-se para começar. Como sempre Otávia e Madalena sentavam-se na última fila do anfiteatro. Aquela cadeira de primeiro ano, em que ambas tinham chumbado, tinha sempre mais de cem alunos inscritos e assim conseguiam passar despercebidas. Em menos de meia hora o telemóvel de Otávia começou a vibrar. Eram os seus pais. Eles pareciam estranhos nos últimos dias, e não era costume ligarem durante os tempos de aulas.

- Madalena os meus pais estão a ligar-me! – Disse baixinho enquanto fechava o caderno. – E como a aula está uma seca vou aproveitar e vou-me embora, assina por mim já sabes o meu número mas se te esqueceres manda mensagem que eu digo-to. 

- Mas a Marília e a Cláudia já me tinham pedido. Ainda sou apanhada! – Contestou Madalena. 

- Oh Madalena, não sejas medricas fogo. Quem assina por três assina por quatro! Achas mesmo que o prof em cento e tal assinaturas vai andar a reparar nas caligrafias?

http://www.independent.co.uk/incoming/article9553929.ece/alternates/w620/v4Sexting.jpg

Quando saiu da sala teve de ser ela a ligar aos pais pois já eles tinham desligado. Pediram-lhe desculpa por a estarem a perturbar nos tempos de aulas mas o que tinham para dizer era importante demais para ser dito pelo telefone. Então foi combinado um almoço, um almoço para contar a Otavia a situação financeira em que se encontravam. O seu tio, e sócio do seu pai fugiu com todos os lucros da empresa que detinham e com a crise que o pais estava a passar e sem novos projectos o negócio não iria sobreviver.

- Até podes ter de sair da faculdade querida! – Disse-lhe a mãe. 

- Mas eu não posso sair da faculdade, se já com curso superior e mestrado é difícil conseguir-se emprego imagina se não tiver grandes estudos.

- Estamos falidos filha! – Realçou o pai.

- Eu vou trabalhar, tentar arranjar algo para não ter de desistir da faculdade, um part-time. 

- E até conseguires? – Questionou o pai. – O teu tio destruiu a empresa e ainda fugiu com o dinheiro todo, vamos passar tempos difíceis!

- Eu hei-de me arranjar! – Declarou Otávia, levantando-se da mesa do restaurante, deixando os seus pais sozinhos.

A última coisa que lhe apetecia era ter de ir para casa para ouvir o drama da crise que se instalara na sua família. A crise parece ser mesmo o prato do dia nos dias que correm pensava enquanto telefonava à sua amiga Madalena para se abstrair de todo o stress que sentia.

- Queres ir aquele novo bar que abriu? (…) Mas estás com ele outra vez? (…) Está bem vem ter aqui ao Cais do Sodré! Já falamos. 

 http://imagens.publico.pt/imagens.aspx/69803?tp=EI&db=IMAGES

Numa hora Madalena chegou ao local combinado.

- Isso vai correr mal Madalena! Com tantos gajos andas logo enrolada com aquele.

- Mas pediste-me para vir ter contigo para discutirmos as minhas relações amorosas ou para nos divertirmos? Se for para falar sobre este assunto eu vou já apanhar o metro e vou para casa. – Dizia Madalena enquanto pegava num maço de tabaco.

- Não! Passa-me aí mas é um cigarro. Hoje vou gastar os últimos trocos dos meus pais.

- LOL Otávia. Quem te ouvir falar assim parece que estás na penúria. 

- E estou! O cabrão do meu tio rebentou com o negócio e fugiu com o dinheiro que tínhamos. Nem sei se vou poder continuar na faculdade. 

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As duas seguiram para um bar com uma vista agradável para o rio Tejo localizado nas docas de Alcântara. Madalena aproveitou para ir a casa de banho enquanto Otávia correu para o bar para beber algo forte tentando esquecer o problema que pairava na sua cabeça.

- Quero um gin tónico! – Disse pegando na sua carteira para pagar, mas apercebeu-se que não tinha nem um cêntimo com ela.

- Não te preocupes, eu pago-te a bebida. – Disse um homem que se encontra ao seu lado ao ver a expressão tensa que fizera naquele momento.

- Obrigado senhor! 

- Não me trates por senhor, fazes-me parecer muito mais velho do que sou. Trata-me por tu! – Respondeu-lhe o homem de barba. Trazia um smoking vestido e aparentava ter cerca de trinta e poucos anos.

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Quando Madalena viu Otávia com o homem decidiu ir para a pista de dança. Conhecia o interesse dela por homens mais velhos e não quis estragar aquilo que parecia ser uma relação de uma noite como algumas que Otávia tinha de tempos a tempos.

- Um homem tão bem vestido num bar, não me diga que fugiu do seu casamento! – Brincou Otávia.

-Não. Só gosto de usar esta roupa quando estou a trabalhar. – Respondeu antes de beber mais um pouco da sua vodka laranja.

- Então quer dizer que sai do trabalho e corre para um bar para relaxar do stress do trabalho é isso!

- Não! Eu estou neste momento a trabalhar. Eu sou um agente e costumo passar por estes bares à procura de … modelos. – O homem tirou um pequeno cartão do bolso e deu-lhe. – E acho que encontrei uma rapariga perfeita! És loira, tens olhos azuis, com esse vestido curto dá para ver que tens umas boas pernas e esses teus peitos também deixam qualquer um louco. És ideal para … uma campanha publicitária.

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Otávia olhou para o cartão e finalmente conseguiu descobrir o seu nome.

- Fernando! Isto é mesmo verdade ou é uma tentativa original de me levares para a cama?

- Não posso juntar trabalho e lazer, embora sejas mesmo um pedaço de mau caminho. Percebi que não tens dinheiro e eu posso dar-te muito! Isto é um negócio que dá muito lucro, serás parva se não me ligares. Tens aí o meu número. Pensa nisso, olha que tenho muita gente interessada. Telefona para o meu número que está aí e marcamos uma sessão fotográfica.

Fernando levantou-se e saiu do bar pouco tempo depois. Quando o viu sair Madalena foi ter com Otávia.

- Pensava que era mais uma conquista! Ainda por cima todo bem vestido era um ricaço de certeza. E que cartão é esse que ele te deu?

- Ele era supostamente um agente de uma agência de modelos e achou que eu tinha a postura ideal para a nova campanha publicitária. 

- E não achas estranho? Eu sei que há modelos que são abordados na rua mas aquele homem não me parecia um agente.

- Também não sei, mas preciso de dinheiro e ele talvez seja aquele que mo pode dar! Também se não gostar do ambiente sempre posso ir-me embora. – Disse, guardado o cartão de Fernando no bolso.

 

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Não perca o 4º episódio, na próxima sexta-feira, para ler aqui no Fantastic e na página oficial do projeto, em www.facebook.com/pages/TOGI/277175702491216
 

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