
"TOGI"é uma web-série original, da autoria de Ricardo Reis, que conta a história de Tobias, Otávia, Guilherme, Ivã e Ivo, seis estudantes de uma universidade lisboeta. Todos eles são bem diferentes, mas têm algo em comum: as suas escolhas irão mudar para sempre as suas vidas.
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CAPÍTULO 6
MADALENA
Quando Otávia subiu e Madalena ouviu a porta da casa de banho se fechar seguiu rapidamente para a cozinha.
- Porque disseste que estavas sozinha em casa? – Perguntou-lhe o primo que se encontrava sentado na cozinha.
- Porque se soubesse que estavas aqui ela não iria desabafar. Assim ela conseguiu soltar-se mais.
Ivã era um homem feito, devia ter perto de trinta anos tal como Guilherme. Tinha a barba por fazer e os seus cabelos eram loiros. Era um homem bastante reservado, tinha poucos amigos. Vivia sozinho num apartamento perto de o de Madalena e era essa a razão para passar pela casa da prima muitas vezes, principalmente quando os seus pais estavam fora. Os pais de Madalena passavam muito tempo fora. O pai dela era piloto e a sua mãe era comissária de bordo estando muito tempo de viagem. Ivã sempre era uma boa companhia embora não falasse muito. Ajudava Madalena a fazer o jantar sempre que passava por lá e levava sempre um pouco no termo para ter refeição no dia seguinte quando fosse trabalhar.
- O Guilherme é mesmo asqueroso! – Ivã estava indignado com aquela história. – E a Otávia não está em muitos bons lençóis, está mesmo metida em apuros.
- Nem me digas nada! Agora é melhor saíres daqui antes que ela saia da casa de banho, o melhor é ela não te ver aqui!
Quando Ivã saiu de casa, Madalena subiu as escadas até ao primeiro andar e foi até há casa de banho onde Otávia ainda se encontrava. Estava a limpar-se com uma toalha. Pediu para deitar fora a sua roupa interior e pediu a Madalena que lhe emprestasse umas dela. Depois pediu-lhe para ficar a passar a noite ali, não conseguia encarar mais ninguém a não ser ela.
Amanheceu. Madalena acordava cedo, era o dia em que tinham mais aulas. Começava as dez da manha e terminavam as seis da tarde. Enquanto se vestia olhava para Otávia que se encontrava a dormir. É melhor deixá-la aqui a dormir. Ao longo da noite Otávia esteve sempre agitada, nada dormira. Então a rapariga de cabelos compridos achou por bem deixar a sua melhor amiga a dormir e a ir para as aulas.
Era das alunas mais bem comportadas que frequentavam o GPO. Era raro faltar a uma aula que fosse e parecia sempre atenta a todos os discursos que os professores diziam. Muitos a achavam uma pessoa aborrecida por isso só se aproximavam dela para conseguir ajuda nos trabalhos de grupo e para ajudar nos exames. Era das poucas alunas de TOGI que não tinha cadeiras em atraso.
- Então freirinha! – Disse Camila aparecendo de surpresa atrás de si.
- Então coscuvilheira! Novidades fresquinhas já tens alguma?
- Ui! Se soubesses o zum zum que ouvi por aí?! Sabias que a nossa comissão de praxes é representada por dois rabetas? Bem não são bem paneleiros porque segundo ouvi dizer havia uma que os aliviava, se é que me faço entender. Foram vistos num beco naquela saída que fizeram na sexta-feira. Uma pouca-vergonha, se queriam fazer isso iam para um sítio mais íntimo os três. E não foi só um ou outro que viram, foram vários! – Depois da coscuvilhice da manhã, Camila olhou para Madalena de alto a baixo. – E tu, roupa que raramente costumas trazer e um banho de perfume! Dia de sistemas da informática, pois!
Já te disse para deixares de andares aí a espalhar boatos estapafúrdios sobre isso. Será que por me arranjar bem um dia é sempre esse o motivo? Vamos mas é para a aula que já estamos atrasadas.
- Não te preocupes que o gajo só passa a folha praticamente no final da aula. O problema é o lugar, isso sim é um problema. As salas são pequenas para tantos alunos.
E Madalena pode constatar isso mesmo quando viu que encontrar um lugar naquela sala era quase uma tarefa impossível. As aulas teóricas em que juntavam os dois cursos eram um caos. Os anfiteatros apenas tinham capacidade para cerca de duzentos alunos mas eles eram quase trezentos. A solução passava por fazer duas turmas teóricas, uma de manhã e outra à noite. Mas os alunos preferiam ir à da manhã enquanto a da noite estava às moscas.
O ar estava abafado naquela sala, e nem as portas abertas tornavam aquele calor mais suportável. E a situação das ventoinhas nunca poderem ir ao máximo agravava mais a situação. Mas o professor estava eufórico. Não que não fosse normal. Ele sempre fora dos professores mais pacatos que davam aulas naquele instituto. Mas naquele dia a euforia era maior. Tinha um anúncio para fazer.
- Quem vem para um curso destes tem de conhecer bem o território – Começou o professor por dizer.
– E é mesmo por essa razão que todos os anos organizamos um acampamento na beira interior para termos um contacto com o meio ambiente e para vocês terem contacto com algumas das coisas que balbuciamos aqui nas aulas que vocês às vezes não ligam patavina. Por isso meus amigos podem começar a dirigir-se à secretaria para pagarem a viagem e tratarem da história dos Bangalows.
Existem uns mais pequenos outros maiorezinhos mas como já sou velho nestas andanças sei que não vão usar muito a cama nessa noite mas isso é outro rosário.
As aulas prosseguiram. A viagem que o professor da primeira aula falara deixara os alunos do segundo ano bastante entusiasmados. Ouviam-se histórias bastante porreiras sobre os outros anos. Andar pelos montes, conhecer melhor a beira interior e, claro, o acampamento.
O dia rapidamente passou e rapidamente Madalena se encontrava na aula de sistemas de informação geográfica. Foi essa a única aula a que Otávia compareceu naquele dia. Como sempre os alunos chegavam cedo aquela aula para conseguirem ocupar um computador que usavam durante a aula praticamente toda para navegar nas redes sociais enquanto o professor dava a aula.
Quando Rodrigo entrou na sala Madalena não afastava o olhar dele. Rodrigo era um professor bolseiro. Teve a melhor média no seu ano de conclusão e acabou por ganhar uma bolsa de mérito e financiamento para o seu projecto. Era um homem atraente e punha as hormonas aos saltos a muitas das suas alunas.
Madalena sentiu o seu telemóvel vibrar. Era uma mensagem de Camila. “Depois sou eu que invento boatos” , dizia o sms.
A aula pareceu uma eternidade para Madalena. Quando acabou esperou que todos saíssem da sala de aula e foi até a porta e fechou-a. Depois correu até Rodrigo e beijou-o.
- Tenho a casa livre! Os meus pais só vêm no final da semana e tenho uma lingerie nova que gostava que me desses uma opinião!
- Bom programa! És uma freira pecadora tu! – Brincou Rodrigo com a alcunha pela qual era chamada pelos corredores. – Não te conhecem mesmo.
A conversa foi interrompida por uma chamada que Rodrigo recebera. Madalena conseguiu ler o nome que o tentava contactar. Filipe facul. Rodrigo acabou por não atender.
Madalena saíra da sala sozinha para não darem nas vistas e foi andando para o carro de Rodrigo que se encontrava um pouco afastado do instituto. Ele chegou ao automóvel uns poucos minutos depois.
Seguiram para casa dela. Até lá o telemóvel de Rodrigo voltara a tocar. Desta vez já não era o mesmo, era um Renato facul.
- Este pessoal é chato! – Rodrigo pareceu um pouco aborrecido com as chamadas que recebia.
Chegados a casa, Rodrigo sentou-se no sofá enquanto Madalena subira até ao seu quarto. Quando regressava apenas trazia a sua nova lingerie vermelha. Vê-la assim deixou Rodrigo completamente excitado. Madalena era uma rapariga que tinha uma cara normal, não era feia mas também não era a mulher mais bela que conhecera, mas o seu corpo era perfeito. O clima estava quente naquela sala, mas gelou por momentos quando Rodrigo se lembrou que se tinha esquecido dos preservativos no carro. Madalena era adepta do sexo seguro nunca o iria fazer sem as devidas precauções.
Foi quando Rodrigo saiu para ir buscar os preservativos ao carro que o seu telemóvel começara a tocar. Madalena viu que ele se esquecera dele na mesinha que se encontrava em frente ao sofá.
Alexandre facul. Sentiu-se tentada em atender, ainda por cima o carro estava um pouco afastado da sua vivenda para não dar nas vistas o que dava tempo para o fazer.
Atendeu e do outro lado ouviu a voz de uma mulher. Afinal o Alexandre era uma Alexandra. Foi aos registos de chamadas e o Renato e o Filipe também eram mulheres. O Filipe, na realidade era a Filipa do terceiro ano de TOGI. Os boatos são verdade, ele anda com todas. Naquele momento sentiu uma mágoa muito grande, sentia-se mal com o que acabara de descobrir. A mulher do contacto que dizia Renato atendeu dizendo “Finalmente amor!”. Queria chorar quando descobrira aquela traição mas tinha de se conter, tinha de estar recomposta para quando ele chegasse, ele não podia desconfiar de nada.
- Não tenho preservativos no carro! – Disse ele, cabisbaixo.
É hoje que vais aprender uma lição
- Não faz mal! Estou com um fogo que tem de ser apagado de qualquer maneira! – Declarou Madalena enquanto tirava o sutiã.

Não perca o 7º episódio, na próxima terça-feira, para ler aqui no Fantastic e na página oficial do projeto, em www.facebook.com/pages/TOGI/277175702491216