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TOGI - Capítulo 13

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"TOGI"é uma web-série original, da autoria de Ricardo Reis, que conta a história de Tobias, Otávia, Guilherme, Ivã e Ivo,  seis estudantes de uma universidade lisboeta. Todos eles são bem diferentes, mas têm algo em comum: as suas escolhas irão mudar para sempre as suas vidas.

[AINDA NÃO LESTE O CAPÍTULO 12? CLICA AQUI]

CAPÍTULO 13
GUILHERME
 

Passou quase uma semana desde aquele episódio na Beira Interior. Agora só restavam quatro dedos na mão esquerda de Guilherme mas quem poderia ter feito aquilo podia voltar para lhe arrancar mais um ou outro. Mas isso podia estar prestes a acabar. Guilherme recebera uma chamada no dia anterior da polícia judiciária, dizendo que se devia dirigir à esquadra mais próxima da sua residência pois tinham avançado na investigação. 

Devem ter os resultados da análise do pedaço do traje, pensou ao olhar-se ao espelho antes de sair de casa. Tinha o cabelo curto e acastanhado e os olhos castanhos. Esboçava um pequeno sorriso por pensar que iam-lhe dizer quem lhe tinha arrancado o dedo. Otávia, se foste tu, vais ficar sem uma mão, pensou esboçando um sorriso sinistro em frente ao espelho.

Quando chegou e disse na secretaria o que estava a fazer os polícias encaminharam-no para a sala de espera e depois para uma sala pequena que apenas tinha uma mesa e duas cadeiras. Parecia ser uma sala de interrogatórios. Com ele, estavam mais dois policias que nunca tinha visto.

- Os meus colegas da Beira Interior disseram-me que mencionou o nome de Otávia quando eles falaram consigo. Porque falou nessa rapariga? Passou-se alguma coisa com ela nestes últimos tempos? Uma traição? Alguma coisa que ela não gostou que acontecesse?


Não acredito mesmo que foi ela, mas era óbvio, só ela sabia aquilo do dedo médio, a não ser que ela se tenha desbocado a alguém.

- Nada de grande importância comparado com isto que me fizeram, foi só uma pequena discussão, nada que originasse tal revolta nela para me fazer tal coisa.

- Óptimo! Porque temos os resultados do exame àquele tecido que os meus colegas da Beira Interior encontraram, e sabemos que as impressões digitais que temos pertenciam a uma mulher.
Otávia! Não te vais safar.

- Por sorte temos essas impressões digitais registadas no nosso sistema. Sabemos a quem pertencem. Por isso pedimos que se dirigisse até aqui, para nos dar pormenores dessa relação.

- Quer dizer que a Otávia tem cadastro? – Perguntou Guilherme um pouco estupefacto com a declaração de um dos inspectores.

- Ninguém falou em Otávia senhor Guilherme. Os meus colegas mencionaram que em estado de choque você disse que tinha visto a morte mas a definição correcta é fantasma! 

- Fantasma? Não estou a perceber nada do que se está aqui a passar!

- Lilia Fortes! As impressões digitais pertencem a Lilia Fortes. Uma antiga conhecida sua que se encontra desaparecida há oito anos.

- Não pode ser! – Guilherme ficou com uma cara completamente desconcertante. Não acreditava no que estava a ouvir.

- Essa também foi a nossa reacção! Mas sabemos que você e outro amigo seu foram os últimos a ver a jovem Lilia antes de desaparecer. Pode-nos contar o que aconteceu naquela noite?

- Quando ela desapareceu eu fui interrogado e disse tudo o que sabia! 

- Nós fomos ao arquivo senhor Guilherme e você pouco ou nada disse e o seu amigo igual, mas ele por razões óbvias, perdeu a língua e as mãos. E você acabou perdendo um dedo se continuarmos sem saber nada é provável que perca as mãos também, por essa razão não sairá daqui sem sabermos o que se passou naquela noite há oito anos.

Guilherme ficou um pouco nervoso com a situação em que se encontrava. Mas rapidamente começou a falar.

- Posso levantar-me? – Perguntou.

- É claro! Desde que não saia desta sala pode fazer tudo o que quiser. – Respondeu-lhe o investigador.
Guilherme levantou-se e tirou a sua camisola de manga comprida e mostrou as suas costas. Os polícias ficaram impressionados com as suas cicatrizes. Pareciam ter sido feitas com extrema violência.

- Foram feitas com um chicote! Pela Lilia! Uns dias antes de ela desaparecer. Ela adorava sexo sadomasoquista. Foi ela que me fez isto num momento íntimo nosso.

- Então o que nos está a querer dizer é que a rapariga desapareceu com vergonha de lhe ter feito isso às costas. Na realidade da forma que tem essas costas isso pode ser considerado crime, nunca vimos tal cenário numa situação destas, essas marcas estão vincadas no seu corpo para a vida, nunca mais sairão.

- Por isso mesmo, nessa noite ela chamou-nos até à serra de Sintra para o que ela dizia ser um peddy paper para treinarmos o que íamos fazer para as praxes naquela semana. Como deve ser do vosso conhecimento eu a Lilia e o Gustavo pertencíamos os três à Comissão de Praxes. Então sem hesitarmos rumámos os dois à serra de Sintra para fazermos as regras do tal peddy paper que Lilia falou pelo telemóvel. Mas quando lá chegámos a Lilia deu com uma coisa na cabeça do Gustavo e cortou-lhe o que vocês já sabem. Depois disso eu fugi, corri o mais depressa que pude, com medo que ela me pudesse apanhar. Nunca mais a vi desde então, mas se ela voltou é porque tem medo de alguma coisa e me quer fazer calar.

- E porque é que ela havia de voltar agora? Já se passaram oito anos desde o seu desaparecimento, porquê agora? Agora é que se lembrou que você ainda andava a passear pela universidade e tinha medo que você revelasse alguma coisa a pessoas que nem a conhecem?

- Não sei a razão, mas posso afirmar que tudo isto é verdade. Mas se não acreditam podem chamar cá o Gustavo. O pobre coitado não pode escrever nem falar mas ainda consegue acenar com a cabeça, ele pode confirmar a veracidade do meu depoimento.

Os polícias concordaram em trazer novamente Gustavo para mais um depoimento, mesmo tendo em conta as suas limitações. E assim deixaram finalmente Guilherme sair.

Quando saiu da esquadra Guilherme rumou até à casa de Gustavo. Era perto da sua, e ele costumava ir várias vezes para ver como o seu amigo se encontrava. E lá estava ele, sozinho, com um olhar triste. Gustavo era um rapaz muito solitário desde que aquele terrível incidente acontecera. Dos três jovens foi aquele que mais sofrera naquela noite.

- Vais ter de ir à esquadra! Eles querem fazer-te umas perguntas. 

O olhar de Gustavo era de espanto.

- Sobre a Lilia. – Disse Guilherme furioso. – Como é que a Lilia está viva? Como é que tu não te certificaste que ela estava morta meu grande cabrão! E agora eu fiquei sem um dedo por causa disto tudo. Ela voltou para se vingar e agora eu corro perigo.

As lágrimas começaram a aparecer no rosto de Gustavo.

- Porque estás a chorar! Agora sentes-te culpado! Não te preocupes, vamos safar-nos desta, tu não podes dizer muito dadas as tuas limitações e eu consegui o álibi perfeito. Finalmente estas cicatrizes que o estupor do meu tio me fez serviram para alguma coisa, ele até deve ter ficado feliz se me estiver a ver lá do inferno onde deve estar, graças a ele eu tive de lhe seguir as pisadas. Agora amanhã terás de ir lá. Não te devem fazer muitas perguntas e basta só acenares com a cabeça confirmando ou desmentindo aquilo que te estão a perguntar. Agora descansa que amanhã é um dia importante para mim mas principalmente para ti, já sabes o que está em causa se alguma coisa der para o torto. – Guilherme ia para sair mas voltou novamente para trás. - E já agora outra questão, ONDE ESTÁ A LILIA?

Gustavo limitou-se a encolher os ombros e a acenar negativamente deixando Guilherme furioso.

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Não perca o 14º episódio, na próxima sexta-feira, para ler aqui no Fantastic e na página oficial do projeto, em www.facebook.com/pages/TOGI/277175702491216


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