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TOGI - Capítulo 24

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"TOGI"é uma web-série original, da autoria de Ricardo Reis, que conta a história de Tobias, Otávia, Guilherme, Ivã e Ivo,  seis estudantes de uma universidade lisboeta. Todos eles são bem diferentes, mas têm algo em comum: as suas escolhas irão mudar para sempre as suas vidas.

[AINDA NÃO LESTE O CAPÍTULO 23? CLICA AQUI]


CAPITULO 24
GUILHERME

Os gritos de criança que ecoavam por todo o recinto estavam a fazer confusão a Guilherme. Se havia coisa que ele não gostava, gritos de criança era uma delas. Fazia-lhe confusão e assustava-o, talvez pelo que aconteceu no seu passado. Por essa razão foi dos últimos a deslocar-se para a porta da faculdade quando as luzes se apagaram e os gritos começaram.
Existia uma grande multidão de alunos para entrar na faculdade para ver o que se estava a passar por isso era difícil para Guilherme ver o que se estava realmente a passar. Só conseguia ver uma lanterna que estava à entrada apontando para uma das paredes do corredor principal. Essa luz tanto acendia como se rapidamente apagava, deixando o GPO num ambiente completamente sombrio. As pessoas soltavam sons de espanto enquanto Guilherme as empurrava para ver o que estava naquela parede. Quando chegou o suficientemente perto para ver o que estava escrito estremeceu. SCARS (cicatrizes). Estava escrito com tinta vermelha em letras bem grandes.
           
Os gritos prosseguiam noutras partes da faculdade, mas Guilherme teve a percepção que não se tratavam de crianças mas sim de uma gravação. Os sons mais próximos dele encontravam-se na sala 1 para onde se dirigiu logo que teve oportunidade de passar por toda aquela multidão. A sala 1 estava completamente modificada. Todas as mesas e cadeiras encontravam-se encostadas à parede e o quadro também fora encostado. No centro da sala encontrava-se um boneco de cera deitado no chão com a mão esquerda esticada e ao lado dele um frasco com veneno para ratos. Além do veneno para ratos, o boneco de cera tinha em sua posse um chicote. Guilherme começava a ficar preocupado com todo aquele arsenal, tudo aquilo parecia ser a sua história de vida. Mas era impossível alguém saber do seu tio, do veneno que usara para matá-lo, das marcas de chicote ele lhe deixara para a vida. Essa historia apenas duas pessoas sabiam e uma delas não poderia falar ou escrever e a outra, bem a outra poderia estar em qualquer parte. Lilia, pensou, se ela me seguiu até à Beira Interior também pode ter feito isto. Guilherme estava a começar a ficar um pouco assustado com toda aquela situação.
             
Existiam mais gravadores e lanternas espalhados pela faculdade. Guilherme seguiu para a sala 5 que era a que estava mais próxima de si e aquela a que era mais fácil chegar por ser aquela que tinha uma menor quantidade de pessoas a observar aquele espectáculo. A sala 5 tinha as mesas e as cadeiras exactamente na mesma posição que estavam na sala 1. Ao centro encontravam-se mais dois bonecos de cera deitados no chão. Um deles era um rapaz, o outro boneco era uma rapariga loira. A rapariga loira tinha um spray vermelho pintado na nuca, enquanto o rapaz tinha os dedos das mãos cortados. Ao lado do boneco e dos dedos ainda se encontrava uma objecto que se assemelhava a uma língua. Na parede estava mais uma frase escrita em letras bem grandes para que até um míope conseguisse ler. Cortaste-lhe os membros e queimaste-os na fogueira, fora o que Guilherme lera na parede. Agora não lhe restavam dúvidas tudo aquilo que estava a acontecer era uma mensagem para si, mas não sabia o que lhe estavam a tentar dizer, nem muito menos quem lhe tinha deixado aquela mensagem. Se és tu Lilia porque não dás a cara, pensava para si mesmo cada vez mais assustado com tudo aquilo.
             
Além da sala 1 e sala 5 a sala 3 também continha mais cenas. Assim que se entrava na sala podia ver-se uma lua e uma árvore pintadas na parede. A lua era vermelha e a árvore preta. Por baixo desses desenhos encontrava-se mais um boneco de cera, desta vez encostado à árvore e com um dedo à sua frente. Olhou para o resto da parede e leu mais uma frase. Ainda poderão ir mais. Esta frase fê-lo ter uma atitude. A atitude de ligar para a polícia.
             
Quando a polícia chegou ao local tirou todos os alunos do recinto da faculdade, deixando apenas Guilherme e Camila. Guilherme por tê-los chamado e Camila por dizer ter visto uma rapariga de cabelos loiros a sair da universidade quando ela estava a chegar ao recinto e as luzes foram apagadas. A afirmação de Camila deixou Guilherme não só com medo mas também curioso. Se soubesse que Camila sabia de alguma coisa tinha-a abordado ao invés de chamar a polícia. A polícia iria perguntar coisas sobre aquelas coisas todas dentro da faculdade, principalmente sobre o boneco de cera que representava uma rapariga loira com a nuca pintada a vermelho. Sempre dissera à polícia que Lilia tinha fugido e aquele boneco mostrava outra versão dos factos, a verdadeira versão.
           
 Camila foi mandada para casa, mas Guilherme acabou por ser acompanhado pela polícia até à esquadra. Lá estavam os dois agentes que o inquiriram da última vez.
             
- Senhor Guilherme! É um prazer vê-lo novamente. Começa a tornar-se rotineiro tê-lo cá connosco. Gostamos particularmente dos bonecos de cera e das frases escritas na parede da faculdade. Tem definitivamente um fã naquela faculdade. E um fã bastante criativo.
             
- Preciso de protecção! Viu o que ele escreveu na sala 3. Seja quem for está disposto a tudo até a matar.
             
- Calma senhor Guilherme. Comecemos pela sala 1. O que significava para si aquele boneco com veneno de ratos? E aquele chicote?
          
- Esse foi o boneco mais estranho. Nada tinha a ver comigo. – Mentiu.
          
- Estranho! As marcas nas costas que nos mostrou da última vez que aqui esteve têm mais ar de serem chicotadas provocadas por violência do que por sexo sadomasoquista. – Declarou um dos polícias. – E aquela boneca de cera de cabelos loiros, suou-nos a familiar. Por aquele boneco sem dedos e língua que se encontrava ao lado dela fez-nos parecer Lilia Fortes.
          
- A Lilia?! – Guilherme soltou um riso nervoso. – Já vos disse a última vez que aqui estive que ela fugiu, não levou nenhuma pancada na cabeça.
           
- Mas ninguém tinha falado em pancada na cabeça! Aliás foi você que falou mesmo agora. Existe algo neste quebra-cabeças que é a sua vida que nós não entendemos. Tem de se explicar melhor senhor Guilherme. Suponhamos que seja mesmo a Lilia que tenha voltado para o matar. Quais as razões que a levaram a fazer todo aquele aparato naquela faculdade?
             
- Eu já disse que não sei! Já vos contei tudo! – Voltou Guilherme a dizer. – Eu é que sou a vítima no meio desta história toda e vocês querem que eu seja o culpado?
             
- Muito bem senhor Guilherme, por hoje chega. Mas não se ausente de Lisboa, poderá ter de ser chamado aqui novamente para mais algumas questões que surjam.




 
Não perca o 25º episódio, na próxima terça-feira, para ler aqui no Fantastic e na página oficial do projeto, em www.facebook.com/pages/TOGI/277175702491216
 

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