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TOGI - Capítulo 33

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CAPÍTULO 33
OTÁVIA
  
Otávia estava nervosa. Mesmo tendo a companhia de Ivã e o local ser público tinha medo do que Fernando podia lhe fazer. O caso estava a dar que falar e já se falava em prisão para o director do canal de televisão se as provas fossem conclusivas para tal. Fernando devia estar completamente desnorteado, capaz de tudo para se salvar nem que para isso a tivesse de tirar do seu caminho. Otávia pensava várias vezes se ele não seria capaz de a matar. Era uma hipótese que equacionava e não a metia de lado de maneira alguma. Fernando mostrara ser um homem sem escrúpulos tal como o seu primo Guilherme. Mas Ivã iria estar lá para se fosse necessário, para o caso das coisas tomassem proporções maiores intervir.
    
Levantou-se da cama e começou a preparar-se. Embora o encontro no café de uma das ruas mais movimentadas de Lisboa fosse apenas na parte da tarde, Otávia não conseguia pensar em outra coisa. Sentia-se mais forte ao inicio, quando, com a ajuda de Alexandre Domingues, gravara o vídeo com o jogador do Fantal Futebol Clube. Nessa altura tudo parecia bem mais fácil do que ali. Naquele momento só sentia medo, medo que lhe acontecesse alguma coisa a ela ou a algum membro da sua família. Não era a primeira vez que um homem com o poder equiparado ao de Fernando fazia mal a um membro da família de alguém só para a poder afectar. E naquele momento não era difícil. Os seus pais ainda se estavam a tentar levantar depois da falcatrua do seu tio que os deixou na miséria. Bastava uma pequena rajada de vento para parecer um pequeno furacão na vida deles.
    
Almoçou enquanto assistia ao noticiário. O vídeo dela com o jogador da bola aparecia em qualquer canal e muitos ambicionavam chegar à rapariga que se encontrava naquele vídeo. Mas isso era um grande mistério para descanso de Otávia. Se soubessem todos que a filha única do casal Rodrigues se encontrava neste escândalo era o fim de seus pais, eles não iriam aguentar uma revelação dessas. Mas mesmo sem ser de fácil reconhecimento Otávia sentia sempre receio de cada vez que o telefone tocava pensando que poderia ser a polícia para prestar declarações sobre o caso por terem descoberto que era ela que se encontrava no vídeo. O noticiário não falava noutra coisa só no caso de rede de prostituição de luxo que Fernando alegadamente comandava.
    
Olhou para o relógio do telemóvel e faltavam quinze minutos para as três da tarde. Faltava apenas uma hora e quinze minutos para o encontro marcado com Fernando e os nervos eram cada vez mais. Quando faltavam dez minutos para as três, a campainha da casa de Otávia tocou e ela fora ver quem era. Era Ivã. Tinham combinado encontrar-se em casa dela para depois irem de metro até ao local combinado entre Otávia e Fernando. Enquanto ela estivesse no café ele iria estar sentado na esplanada do outro em frente a ver se via algo de errado em que tivesse de intervir.
    
- Não precisas de ter medo Otávia! A nossa vida vai mudar hoje. Quando revelarmos ao Fernando que o primo dele matou-lhe o pai não sabemos como é que ele irá reagir, mas bem não vai ser de certeza. Ele vai querer desfazer o Guilherme vais ver! – Discursou Ivã tentando dar-lhe força, embora parecesse a Otávia tão nervoso quanto ela. Na realidade nenhum dos dois sabia o que esperar daquela revelação. Até se podia dar o caso dele já saber do que o primo fez e ter sangue frio para o continuar a ajudar.
    
Quando Otávia chegou ao café, Fernando já se encontrava sentado numa das mesas mais afastadas da multidão.
    
- Senta-te! – Aquilo soou-lhe como uma ordem e ela rapidamente obedeceu. – Sabes o que acabaste de fazer? Tens noção da merda que isto vai dar? Não só para mim mas para cada um de vocês. Sim, porque eu sei quem te ajudou nisto tudo. Forcei o Alexandre a dizer-me tudo para ter a confirmação de que eras tu quem estava naquele filme. Depois de uma valente sova ele revelou. É valente aquele rapaz, nem com a cara cheia de sangue queria confirmar que eras tu quem estava naquele triste filme.
    
Otávia apenas o ouvia, horrorizada com o que ele fizera com Alexandre. Ela tinha um carinho especial por o rapaz, carinho que era mútuo da parte dele. Imaginar o rapaz a ser espancado por alguns dos capangas de Fernando para obter respostas deixava Otávia com o estômago às voltas. Não conseguia imaginar como o rapaz se estaria a sentir. Estava com receio de falar mas o nervosismo acelerou as coisas:
   
- Sei uma coisa que não sabes!
    
- O que queres dizer, se é que estou com uma vontade danada de te matar isso não é novidade nenhuma!
    
- Não, é algo sobre o Guilherme! Ele matou o teu pai.
   
- Não digas disparates rapariga, todos sabemos que o meu pai morreu de morte súbita depois do pequeno-almoço.
    
- Foi envenenado! Pelo Guilherme. E foi por os dois amigos dele descobrirem isso que Lilia Fortes desapareceu sem deixar rasto e ele cortou os dedos e a língua ao Gustavo.
    
- Tens como provar o que estás a dizer? – Questionou-a Fernando um pouco constrangido.
    
- Eu não mas tenho quem te possa provar! – Declarou a rapariga enquanto pegou no telemóvel para chamar Ivã. Quando Ivã chegou ao pé dos dois Fernando perguntou:
    
- E quem é este?
    
- Sou aquele que te vai levar à maior prova de como foi o teu primo que matou o teu pai e fez aquilo aqueles que dizia serem seus amigos.
    
Fernando seguiu os dois até a um prédio nos arredores de Lisboa. Otávia também nunca se tinha dirigido aquele local e ficou chocada quando o rapaz que morava no apartamento que foram não tinha dedos nem podia falar.
    
- Ele ainda pode acenar com a cabeça! – Declarou Ivã. – Pergunte-lhe se é verdade ou não aquilo que a Otávia lhe disse.
    
Fernando estava um pouco chocado com o rapaz mas aproximou-se dele e perguntou aquilo que agora tinha curiosidade em saber e o rapaz acenou afirmativamente com a cabeça. Ainda lhe perguntou se fora ele que lhe fizera aquilo e a cabeça voltou a acenar como de um sim se tratasse. Depois disso o rapaz sem língua começou a chorar enquanto Fernando erguia o punho e dera um murro num vaso que se encontrava em cima da mesa.
    
Alguns dias passaram e o novo semestre estava prestes a começar. Mas enquanto não começava eram realizados convívios entre os alunos no GPO. Como todos se conheciam as malas eram todas deixadas numa sala e quando alguém se ia embora iam buscá-la. Foi quando se vinha embora de um desses convívios que Otávia deu por falta da carteira. Havia um ladrão na faculdade.
 
 
Não perca o 34º episódio, na próxima sexta-feira, para ler aqui no Fantastic e na página oficial do projeto, em www.facebook.com/pages/TOGI/277175702491216

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