CAPITULO 35
OTÁVIA
Não perca o 36º episódio, na próxima sexta-feira, para ler aqui no Fantastic e na página oficial do projeto, em www.facebook.com/pages/TOGI/277175702491216
OTÁVIA
Otávia acordou com o tocar persistente da campainha. A sua mãe e o seu pai tinham ido tratar de uns assuntos e ela era a única que se encontrava em casa para ir abrir a porta. Como teve de se levantar com esse propósito acabou a abrir a porta de pijama. Á porta estavam dois agentes da autoridade.
- A Dona Otávia Rodrigues está? – Perguntou um dos agentes.
- Está a falar com a própria!
- Muito bem, então aconselho-a a preparar-se, vestir qualquer coisa mais apresentável para nos acompanhar até à esquadra.
- Desculpem-me mas deve haver aqui algum engano, porque razão eu haveria de ser presa?
- Pelo homicídio de Fernando, o director do canal ITV!
- O Fernando está morto?! – Otávia ficou boquiaberta com a afirmação do polícia.
- Não se precisa de mostrar tão surpreendida com aquilo que o meu colega lhe disse. Temos provas muito fortes de como foi a senhora Otávia que o matou. Por isso vista-se porque não temos o tempo todo. Temos trabalho a fazer na esquadra.
Sem hesitar Otávia foi vestir-se para ir para a esquadra com os dois polícias que lhe bateram a porta. Sabia que não o tinha morto por isso estava de consciência tranquila. Era impossível os polícias terem provas que a dessem como a principal culpada de um crime que ela não cometera. Quando chegou ao posto, foi levada até à sala de interrogatórios e sentou-se numa pequena secretaria que lá havia enquanto os dois homens ficaram em pé. Um deles tinha um saco na mão.
- Tinha muita pressa quando saiu do quarto onde matou o senhor Fernando! Tanta pressa que até saiu sem cuecas! – Disse o guarda tirando do saco as cuecas que estavam no quarto quando os agentes encontraram o corpo de Fernando.
As cuecas que o Guilherme me pediu no Natal! Otávia estava a começar a perceber o que se estava ali a passar e começava a sentir suores frios por todo o corpo. Estava nervosa. O Guilherme pode ter feito isto para me tramar.
- Isso não prova em nada que eu estive no quarto com o Fernando muito menos que o matei. Isso pode ser de uma rapariga qualquer!
- Sim, nesse aspecto concordamos senhora Otávia, mas quando encontramos a sua carteira caída junto à porta do quarto onde o senhor Fernando Madureira foi encontrado, aí o cenário torna-se bem diferente.
- A minha carteira foi roubada na faculdade fez ontem duas semanas senhor agente! – Defendeu-se Otávia.
- Que oportuno! E foi logo parar ao quarto do senhor Fernando. Daqui a pouco está a dizer-nos que não o conhecia, quando todos nós sabemos que isso não é verdade. Nós vasculhámos os dois telemóveis que a vítima tinha na sua posse e existiam várias mensagens trocadas entre si e ele num dos aparelhos. Nós sabemos que você estava metida na rede de prostituição. Também vai negar isso, Otávia!
- Não, isso é verdade, mas não é verdade que matei o Fernando. Foi alguém que deixou lá a minha carteira. Porque não perguntam ao primo dele o que se passou nessa noite.
- Porquê ao primo? Não me diga que o primo dele é daqueles que se veste de mulher e deixou lá as cuecas caídas.
- Não, mas é alguém que a polícia já deve conhecer! É o Guilherme Madureira, que se não me engano esteve neste estabelecimento prisional nos últimos tempos algumas vezes. Ficou sem um dedo.
- Mas esse rapaz está em tudo o que acontece nos últimos tempos? – Disse um dos polícias para o outro. Depois virou-se para Otávia. – E porque quereria ele incriminá-la a si? O que lhe fez de mal?
- Nada! – Embora soubesse que tudo aquilo estivesse a acontecer por aquilo que contara a Fernando, Otávia jurou que não contaria nada sobre o tio de Guilherme.
O interrogatório durou mais um tempo mas Otávia já estava a imaginar como ia acabar a sua situação. Os polícias tentaram ao máximo esclarecer tudo o que se passou no assassinato de Fernando mas sem sucesso, Otávia não sabia o que se tinha passado naquela noite embora todas as provas a incriminassem a ela. Depois disso tentaram saber pormenores sobre o que se passava na rede de prostituição de luxo organizada pelo director do canal televisivo. Nesse assunto Otávia já podia ajudar um pouco as autoridades, sabia alguns pormenores daquilo que se passava na rede. Falou da forma como actuavam, os hotéis que frequentavam, quem eram os principais frequentadores… mas todos esses pormenores não fizeram com que não ficasse em prisão preventiva por o crime que não cometera. Mas a polícia não sabia que não tinha sido ela e todas as provas estavam a apontar para esse aspecto.
Quando entrou na sua cela prisional, Otávia verteu uma lágrima. Desde que a sua família ficara na miséria e ela tentara continuar a sua vida normalmente que ela se tornara num inferno. Primeiro entrou para uma rede de prostituição e agora acabara por ser presa por supostamente ter assassinado o seu suposto chefe. A vida não é justa, o Guilherme está a conseguir levar a melhor e está a destruir todos os que interferem no seu caminho, pensava enquanto se deitava no beliche com a cabeça por baixo da almofada para que as outras reclusas não a vissem chorar. Sentia uma dor no peito e só tinha vontade de chorar. Não queria ficar presa enquanto Guilherme preparava algo para tramar Ivã e Lilia.
Os policias levaram-lhe uma pequena refeição mas ela não comera nada. Apenas olhava para o tecto pensando como iria ser quando os seus pais descobrissem, o que iriam dizer na faculdade sobre aquilo que estava a acontecer. A cela era fria mas Otávia não sentia nada apenas queria dormir para esquecer todos os seus problemas e foi isso que fez.
