TOGI - Capítulo 37

Quando Tobias chegou à universidade e soube através de Camila que Otávia estava presa o seu coração ficou despedaçado. Demorou uns dias até conseguir assimilar o que acontecer à rapariga em quem ele pensava a todo o instante. Ainda tinha vivo na memória o dia em que a acompanhara até ao suposto casting que a levara a conhecer o homem que acabara por matar. Deveria estar desesperada, sem saber o que fazer, era a única coisa que vinha à cabeça de Tobias para explicar o sucedido. Mas mesmo desesperada, nada justificava o assassinato de um homem, era isso que Tobias não conseguia aceitar.
    

Com o inicio do segundo semestre as praxes voltaram a fazer parte do seu quotidiano, não é que elas tenham parado na interrupção entre o final da época de exames e o inicio do segundo semestre, mas nessa altura ele ficara na terra de seus pais por isso não tinha ido. O ano já ia a meio e em cerca de três meses iria poder trajar. Se por um lado estava feliz com a possibilidade de trajar pela primeira vez, por outro sentia-se triste por não ter a sua madrinha consigo, tendo apenas o seu padrinho e amigo Ivo para o acompanhar nesse dia tão importante da sua vida académica. Foi ao ver que estava em baixo que quando Ivo chegou ao pé dele lhe disse:
   

- Hoje quero levar-te a um sítio. Andas muito tristonho rapaz acho que te vai fazer bem.
    

- Onde vamos? – Perguntou Tobias, mas Ivo nunca lhe respondeu até chegar ao estabelecimento prisional onde Otávia se encontrava presa. – Porque viemos aqui? – Acabou por perguntar.
    

- Para que achas Tobias? Para falares com a Otávia. Às vezes nem tudo o que parece é. Eu conheço-a há dois anos e acredito que alguém a tenha tramado, ela não é uma rapariga que faça esse tipo de coisas. Tens de confiar mais nela, não acredito que ela tenha sido a culpada por este crime que aconteceu.
    

Depois de Ivo muito insistir Tobias teve coragem de seguir em frente, rumo à entrada do estabelecimento prisional com a intenção de visitar Otávia. Quando chegou à sala de visitas viu que o ambiente não era o mais acolhedor. Enquanto esperava que Otávia chegasse, olhou ao seu redor e observou a grande diversidade de reclusas que se encontravam a ter visitas. Muitas delas eram tatuadas e pareciam ser do tipo de pessoas que partiam para a violência ao mínimo desentendimento com outra pessoa, o contrário de Otávia que até aquele momento sempre fora uma rapariga pacífica em que a violência era o último recurso para resolver os seus problemas. Queria acreditar que estivesse errado, que ela não tivesse morto o tal homem, mas as provas estavam todas lá, não havia forma de não ser ela a culpada daquele crime. Quando Otávia chegou sentou-se à frente dele. Ficou admirada por vê-lo por lá. Parecia um pouco abatida e as olheiras reflectiam as noites mal dormidas dos últimos dias na prisão.
    

- Então Tobias, por cá a visitar a madrinha? – Tentou esboçar um sorriso, mas este saiu-lhe forçado. – Como vão as coisas pelo GPO.
   

 - Na mesma! – Respondeu Tobias rapidamente.
    

- O que dizem de mim? Aposto que não se fala noutra coisa!
    

- Sabes como é, as pessoas comentam tudo o que é novidade e surpreendente. A notícia apanhou todos de surpresa. E como também deves saber tens gente que te defende e gente que era capaz de meter as mãos no fogo como foste tu que fizeste aquilo àquele homem da televisão.
    

- Essas pessoas iriam sair com as mãos todas queimadas Tobias, eu não fiz nada, alguém o fez e incriminou-me. Tu sabes como eu sou, tu sabes que eu era incapaz de matar alguém. Alguém fez aquele crime horrendo e meteu lá os meus pertences. – Otávia tentou mas não conseguira conter as lágrimas, o que fez Tobias segurar-lhe a mão para lhe tentar mostrar que tinha o seu apoio.
    

   

 - Desconfiar não, tenho quase a certeza, mas não te posso contar Tobias, é tudo muito perigoso e já existem várias pessoas em perigo, não preciso de pôr mais nenhuma! – Depois desta declaração Otávia tentou mudar o rumo da conversa. – Veio mais alguém contigo ou vieste sozinho? – Perguntou a rapariga curiosa.
    

- O Ivo está lá fora, deve entrar assim que eu sair. Ele acredita na tua inocência. E foi ele que me convenceu a vir aqui, eu tinha receio de cá vir.
   

- E fez ele bem, tu fizeste bem em vir cá. – Antes de Tobias sair Otávia tinha apenas mais uma coisas a dizer. – Tobias, podes só fazer-me mais um favor? Podes dizer ao Ivã para passar por cá, há algo que lhe preciso de dizer.