Afastados dos ecrãs televisivos desde 2009, enquanto grupo, quando apresentaram 'Esmiúça os Sufrágios' na SIC, o quarteto vai terminar brevemente o contrato publicitário com a Portugal Telecom. E o que avança o Correio da Manhã TV, e apesar de ainda ser hipótese a renovação do acordo, é possível que os ‘Gato’ deixem de ser a imagem do Meo.
Se por um lado os humoristas foram fundamentais na conquista de notoriedade do Meo, por outro, o afastamento completo das lides televisivas nos últimos três anos diminuiu a sua própria popularidade, como, sabe a Correio TV, indicam alguns estudos de mercado feitos pela PT. Além disso, a empresa tem pago os ‘Gato’ a peso de ouro: cada um recebeu da operadora cerca de 560 mil euros por um contrato de dois anos, para 2009 e 2010.
Caso não haja acordo com a PT, será que o quarteto está disposto a regressar à televisão de forma regular? Se o fizer, será uma mudança na estratégia seguida nos últimos anos, em que cada um se vê concentrado em carreiras individuais.
"Gostaria que estivessem a fazer televisão, mas eles tomaram esta opção [de estarem afastados]", diz à Correio TV Luís Marques, diretor-geral da SIC, envolvido na transferência do quarteto para a RTP, em 2005, e no regresso à SIC, em 2008.
Nuno Santos, que levou os ‘Gato’ da SIC para a RTP 1 e que, quando regressou a Carnaxide, convenceu o quarteto a fazer o mesmo caminho revela à Correio TV que tentou que os humoristas continuassem na TV, mas estes recusaram. "Já quando estava na RTP percebi que não queriam fazer televisão de forma muito regular. Depois do ‘Esmiúça’, mostrámos abertura para eles voltarem." Santos revela ainda que fez uma última abordagem quando assumiu a direção de Informação da RTP. "Tentei novamente. Disseram que não era altura", conta. Sobre um eventual retorno, não faz prognósticos, diz apenas que, se "decidirem regressar, será um acontecimento". "Acho que não têm essa vontade no imediato. Mas está sempre em aberto a possibilidade de eles voltarem".
Nos últimos anos o quarteto tem seguido diferentes caminhos. Ricardo Araújo Pereira continua a ser o elemento com maior destaque. É presença diária nas manhãs da Rádio Comercial, mantém uma crónica semanal na ‘Visão’ e participa no programa ‘Governo Sombra’, na TSF e TVI 24, entre outros projetos.
Já José Diogo Quintela é um dos sócios da Padaria Portuguesa, projeto que arrancou em 2010 e, dois anos depois, tem já 12 lojas em Lisboa. Para este ano, há mais sete padarias a nascer na capital.
Já Tiago Dores e Miguel Góis, os membros mais discretos do grupo, não estão envolvidos em qualquer projeto com visibilidade.
Mas se os ‘Gato’ estivessem dispostos a voltar, quanto teria uma estação de pagar para os colocar em antena?
Na altura em que as primeiras séries dos Gato Fedorento foram exibidas na SIC Radical, de 2003 a 2005, o quarteto recebia 1500 euros por episódio, valor que disparou depois da passagem pela RTP. Quando a SIC os voltou a contratar, em 2008, assinaram um acordo de 1,5 milhões de euros. Este foi o valor que o quarteto recebeu para fazer duas séries, de 13 episódios cada ( ‘Zé Carlos’ e ‘Esmiúça os Sufrágios’). Contas feitas, o custo por programa rondou os 57 600 euros, quase 40 vezes mais do que os primeiros 1500 euros pagos por Balsemão.
Certo é que os ‘Gato’ "fazem imensa falta", diz Nuno Santos. "Hoje até há oferta alargada de humor em Portugal. Mas eles podiam fazer a diferença."
Francisco Penim concorda, acrescentando que "ninguém que mande em conteúdos de televisão estaria no seu juízo se recusasse um programa deles. O seu humor continua a funcionar. É eficaz, abrangente", sublinha.